Os estudos da linguagem são tão heterogêneos entre si ao ponto de ser possível perguntar se o seu objeto se mantém o mesmo ao ultrapassar a fronteira de cada área da Linguística-ciência a qual é reputado o privilégio desse estudo. Tal característica não é nova: desde a antiguidade o que se conhece nos estudos da linguagem são as diferenças. Na modernidade, Saussure – considerado fundador da Linguística moderna – afirma, desde os manuscritos de 1891, repetido no Curso de Linguística Geral e cujos ecos permanecem: o objeto da Linguística não é anterior ao ponto de vista e nenhuma das maneiras de considerar o fato lingístico é anterior ou superior à outra. Este livro – que traz uma parte importante das reflexões dos pesquisadores presentes no XII Silel – Simpísio Nacional de Letras e Linguística e no II Simpósio Internacional de Letras e Linguística, organizado pelo Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia em novembro de 2009 – testemunha essa afirmação de Saussure. Assim, acolhidos sob o nome da Linguística, os autores aqui reunidos, pares na dedicação ao enigma da linguagem e ímpares no caminho que escolheram para trilhá-lo, dão um panorama representativo, embora não exaustivo, do campo de estudos da linguagem. Eles irão usar livremente a herança saussuriana sabendo que a complexidade da língua, colocada no lugar de objeto de estudo, impõe à Linguítica um lugar de desconforto e debate constante, redimensionando com frequência o estatuto dessa área. Os trabalhos aqui presentes, em certa medida, participam desse movimento.

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