A coleção “Entre Rios” de Educação Ambiental, ilustrada pelo designer gráfico Carlos Gabriel Ferreira, foi selecionada como semifinalista na categoria "Ilustração" do Prêmio Jabuti Acadêmico. Composta por três livros - O Céu do Cerrado, O Céu do Amazonas e O Céu do Litoral -, a coleção se destaca em um segmento onde a oferta de livros com temática ambiental voltados para o público infantojuvenil é praticamente inexistente entre as editoras de universidades públicas. A Editora da Universidade Federal de Uberlândia (Edufu) é uma das primeiras a investir nesse segmento.

A importância desses trabalhos é significativa, ao serem destinados ao público infantojuvenil, embora não exclusivamente. Eles despertam grande interesse, já que o desenvolvimento de materiais desse tipo não é comum nas universidades brasileiras. Além disso, ao abordar questões ambientais, a coleção contribui para o debate sobre problemas ambientais contemporâneos, com publicações que podem ser utilizadas como material de apoio didático em várias disciplinas, promovendo a educação ambiental entre os jovens.

Processo de criação da 'Entre Rios'

O professor Marcelo Lapuente Mahl, do Instituto de História (Inhis/UFU), explica que "a coleção surgiu a partir da relação entre arte, ciência e meio ambiente". Com seu trabalho com a literatura e o discurso científico, Mahl vem tentando encontrar um caminho de ligação entre esses dois lugares, que geralmente são vistos de forma separada, mas que ele acredita que possam se unir em algum momento, assim como aconteceu nesses três livros de literatura.

A "Entre Rios" foi desenvolvida ao longo dos anos de 2022 e 2023, contando com o financiamento de um projeto Fapemig Universal. A ideia principal era que os materiais servissem de apoio para a educação ambiental do público infantil e infantojuvenil. 

A concepção do projeto e do texto foi feita pelo autor Marcelo Lapuente Mahl e teve a ilustração realizada por Carlos Gabriel Ferreira. O ilustrador comenta que este foi o seu segundo trabalho simultâneo com o docente do Inhis. O primeiro foi "É Hora de Sentir", publicado em 2022. 

Desde então, eles têm uma parceria de trabalhos dedicados à literatura. Ferreira destaca que trabalhar com Mahl é sempre uma alegria porque há uma liberdade criativa irrestrita, que permite o surgimento de grandes ideias. “O processo durou aproximadamente 6 meses. Como ilustrador, trabalho com ferramentas digitais, utilizando muitas texturas e formas que despertam os sentidos. Na coleção, fiz uma pesquisa para entender os biomas e contextos que Marcelo cria no universo dos textos. Essa pesquisa de observação resultou no uso das cores, na construção da vegetação e na representação dos animais. A nossa proposta é que as ilustrações tenham a capacidade de contar uma história que acontece em conjunto ao texto”, ressalta o artista gráfico.

Prêmio Jabuti Literário

O Prêmio Jabuti, principal reconhecimento literário do Brasil, celebra talentos nacionais e dá visibilidade a obras culturais e de conhecimento. Com a crescente produção acadêmica no país, surge a necessidade de um prêmio específico para as áreas científicas e profissionais. 

Assim, apoiado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), nasce o Prêmio Jabuti Acadêmico, que, em sua primeira edição, reconhece e valoriza contribuições acadêmicas e científicas essenciais para o progresso cultural e científico do Brasil. Destaca-se que o prêmio inclui obras de editoras que não são universitárias. Ao premiar autores e editores dedicados, o Prêmio Jabuti Acadêmico não só celebra seu trabalho, mas também incentiva outros profissionais e amplia a visibilidade e a reputação internacional da produção acadêmica brasileira.

O Prêmio Jabuti e o Prêmio Jabuti Acadêmico compartilham uma base comum, mas diferem em suas abordagens. Enquanto o Jabuti abrange várias categorias literárias, o Jabuti Acadêmico foca em obras acadêmicas, científicas e profissionais. O Prêmio Jabuti Acadêmico é estruturado em dois eixos principais: Ciência e Cultura, com 27 categorias, e Prêmios Especiais, com 2 categorias.

As categorias de Ciência e Cultura incluem áreas como Ciências Biológicas, Medicina, História, Psicologia, Economia e Direito, entre outras, e são avaliadas por relevância, inovação e potencial de impacto. Os Prêmios Especiais cobrem Divulgação Científica e Ilustração, com critérios específicos de avaliação.

Ambos os prêmios permitem a participação de editoras, autores e agentes literários, exigindo ISBN e Ficha Catalográfica emitidos no Brasil. Os vencedores recebem uma estatueta e um prêmio em dinheiro de R$ 5 mil. O Prêmio Jabuti Acadêmico, em sua primeira edição, amplia o reconhecimento da produção científica e técnica no Brasil, destacando suas contribuições para a cultura e o conhecimento do país.

Diretor da Editora da Universidade Federal de Uberlândia, Alexandre Guimarães aponta a importância desta classificação: "Ser semifinalista do Prêmio Jabuti Acadêmico é um reconhecimento significativo para a Edufu e para todos os envolvidos na criação da coleção 'Entre Rios'. Isso demonstra nosso compromisso com a educação ambiental e a produção de conteúdo relevante e inovador. Esperamos que essa conquista inspire outras universidades a investirem em projetos semelhantes, ampliando o debate e a conscientização sobre questões ambientais."

* O texto foi publicado originalmente no Portal Comunica, da UFU, por Lílian Karla.
(https://comunica.ufu.br/noticias/2024/07/edufu-e-semifinalista-da-primeira-edicao-do-premio-jabuti-academico)