Confrontando as posições das três correntes filosóficas de então, epicurismo, estoicismo e Nova Academia, Cícero aborda uma indagação fundamental da humanidade: a existência de um poder superior, imortal e sumamente feliz. Ele seria o responsável pela origem e manutenção do universo, constituiria a providência que rege os destinos da humanidade e preparou o mundo coerente e habitável para o homem. Deixou vestígios e sinais de sua ação na natureza, pelos quais seres inteligentes podem chegar até ele, embora apenas com relativa certeza, visto não haver nenhum povo sem alguma ideia dele. A argumentação do autor é objetiva e serena, a ponto de ter abalado até o irreverente Voltaire e ainda hoje se insere nos estudos teológicos.

Bruno Fregni Bassetto