Quem pensar que virei escritora depois de grande, se engana. Desde bem pequena eu vivia amolando todo mundo para que me contasse história. Ouvia e recontava. Como não tive irmã para brincar comigo, fui uma criança que falava sozinha. E fiquei assim, falante e perguntante.
Não escrevo para crianças, como dizem os críticos. Escrevo para a criança que teima em não sair de dentro de mim, pela qual tenho o maior respeito e trato com cerimônia. Uma menina esperta e crítica, que exige o tempo todo que eu escreva mais curto, mais claro, mais singelo e mais bonito. Uma leitora tão severa que, às vezes, me manda jogar tudo no lixo e escrever de novo, de novo, de novo. Esta história, por exemplo, reescrevi onze vezes. Demorei tanto, que a gata Pérola pariu outra vez, uma ninhada de três gatinhos.
Pérola e eu, Sofia e Victória e os meus outros 26 netos e sobrinhos, desejamos que você, leitor que não sei quem é nem sei onde está, se divirta lendo este livro lindamente ilustrado por meu amigo Hélvio Lima, artista plástico autodidata, maravilhoso, que também ama o cerrado e os gatos rajados do mundo.
Se te der vontade de vir passar um domingo ou umas férias na nossa deliciosa e amada fazenda Água Limpa, telefone avisando e venha. Enquanto meus netos e você ainda estão pequenos. Vai ser muito legal.
Leia e empreste seu livro. Livros guardados na estante não cumprem seu papel. E largue a preguiça de lado, escreva as histórias da sua vida, dos seus irmãos, dos seus gatos e cachorros, das suas brigas na escola, das paqueras, sei lá. Simplesmente escreva, mostre para todo mundo ou não mostre para ninguém, guarde bem guardado para um dia...
Um beijo da Martha.